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Espólio

Laura Vasques de Sousa

Retorno ao breu

08.09.24
O colo que me envolve
e devolve
o foco que é só meu.

Não olho para trás.

A pele que se cole
no balcão peçonhento.
O ego que se alimente 
no trago de aguarrás.

Aperto o nó,
chuto o banco.
Que se abra o pano.

Dou palco ao meu pranto,
ritmo à minha dança
chama à candeia
da farpa que me comanda.

Não tarda, amanhece.

Recolho a voz
onde a possa manter fria,
onde a luz não seja dia
nem consiga apagar 
o brilho fátuo da vaidade
da minha melancolia.